Profecia das setenta semanas

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A Profecia das 70 Semanas (hebraico antigo שבעים שבעים Shavoím shavoím = "setes de setes", "setenta setes" ou ainda "setenta vezes sete"), que em inglês é traduzida: "Prophecy of Seventy Weeks" é uma profecia referida no capítulo 9 do livro bíblico do profeta Daniel[1] - um dos livros do Antigo Testamento no Cristianismo ou do Tanach no Judaísmo - que para a maioria dos estudiosos se refere ao juízo final da humanidade, o surgimento do Messias (Mashiach); e na visão dispensacionalista também ao surgimento do anti-messias (Anticristo). É sem dúvida a profecia mais complexa encontrada na Bíblia (ou Tanach) e de difícil compreensão exigindo amplo conhecimento exegético e escatológico, pois supostamente comprova a veracidade de Jesus como Mashiach (Messias) através de seus cálculos e também prevê á época do Fim do mundo, tendo sido por isso proibido o seu estudo em algumas denominações do judaísmo (historicamente o judaísmo considera errado tentar prever a data da chegada do Messias). E também por causa dessa temática foi considerada por muitos estudiosos cristãos e judeus como sendo uma profecia polêmica, proibida da tentativa de interpretação e entendida como selada pelo próprio Deus para ser compreendida apenas no Fim dos tempos. ("Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará." Daniel 12.4)

A profecia das 70 semanas de Daniel constitui um quebra-cabeça cronológico, que se inicia durante o cativeiro babilônico e terminaria no fim do mundo, onde os céus e a terra passariam com a chegada do Messias para reinar em um novo céu e uma nova terra, terminando com a existência do pecado e do mal, cuja contagem de tempo parece não se encaixar na história corrida, cuja razão principal deriva disto:

O número de anos desde o decreto do Rei Ciro o Grande (alguns consideram o Rei Artaxerxes ), a libertação do povo judeu do cativeiro babilônico que constituiria o ponto de partida inicial de um período completo de 70 semanas proféticas de anos (ou 490 anos), onde a cidade de Jerusalém seria reconstruída; o Messias chegaria, e seria "cortado" e depois viria uma destruição indo até o final dos tempos. O início da sentença é tradicionalmente datado como 536 a.C (liberação do povo judeu da Pérsia) e deveria coincidir com o batismo de Jesus, datado por volta do ano 30 d.C aproximadamente, constituindo assim o término das 69ª semanas (483 anos), entretanto a contagem ultrapassa largamente o tempo do ministério de Yeshua (Jesus), se extendendo até 56 d.C (cerca de 25 anos depois). Isto teve por consequência a procura de soluções, que passam por alternativas ao decreto de Ciro (pois houve 3 decretos) como ponto de partida para contar as 70 semanas de anos, ou também intercalar “lapsos” adicionando "pausas" indeterminadas de tempo entre o primeiro grupo das 7 semanas e o segundo grupo das 62 semanas e/ou entre o fim do grupo de 62 semanas e a 70ª e última semana.

Muitos daqueles que consideram que a profecia das 70 semanas deve ser interpretada à letra rejeitam, por isso, o decreto de Ciro como "a ordem de saída(retorno) para Jerusalém", e procuram substituir este por outros decretos alternativos de alguns anos mais tarde na história para encaixar perfeitamente com o tempo dessa profecia. Já que se o decreto de Ciro constitui efetivamente a “ordem de saída(regresso)” para a reconstrução de Jerusalém e, é portanto, o ponto onde deveria se iniciar os 490 anos da profecia. E tomarmos por correta esta data de 536 a.C. para o decreto de Ciro, ficamos com um problema quanto ao fato do Messias da profecia não se tratar de Yeshua. Ou seriam as 70 semanas uma indicação de tempo com conotações meramente simbólicas? Se for o caso porquê a profecia possuí uma sentença de tempo tão específica? Devemos intercalar lapsos ou pausas de tempo? Mas como justificar estes lapsos de tempo? Por outro lado, se tomarmos por incorreta a data de 536 a.C. para o decreto de Ciro, toda a história deveria ser revista. Vários autores (Donovan Courville, Immanuel Velikovsky, David Rohl, Peter James, Emmet Sweeney, e outros) já fizeram propostas revisionistas, mas não tiveram muita aceitação no meio acadêmico [2]

Segundo a interpretação do Pr. Gerhard F. Hasel, o ponto de partida das “setenta semanas” deve ser a ordem para reedificar Jerusalém, fato que teria ocorrido no sétimo ano de Artaxerxes (Ezrá, Esdras 7:7,8) com o retorno de Esdras em 457/458 a.C.; consequentemente o termino dos 483 anos aconteceu em 26 d.C., ano coerente com a unção de Yeshua pelo Espírito Santo durante o seu batismo próximo ao Rio Jordão e o início do seu ministério público.[3]

A interpretação do texto bíblico não é partilhado da mesma forma em todas as denominações cristãs e judaicas. Podendo só se afirmar que em uma visão majoritária a profecia aponta para a época da manifestação do Messias esperado pelos antigos hebreus e o julgamento final da humanidade.

Alguns estudos cronológicos defendem que coincide perfeitamente com o batismo de Yeshua (26/27 d.C.), sua morte (29/30 d.C) e o fim da exclusividade dos judeus como sendo "o povo de Deus", ou "o povo que detém a verdade" dando assim início à era da pregação do Evangelho (Brit Hadasha)(nova aliança) aos povos estrangeiros (gentios) de todo o mundo, ou seja, como a profecia diz que se refere ao povo hebreu logo haveria então uma "pausa" justamente com o surgimento da nova aliança e surgimento do povo cristão, reiniciando a profecia somente após o arrebatamento do povo cristão, quando então Deus iria finalizar seu juízo sobretudo com o povo judeu na última semana de número 70. Interpretações cristãs com base em Daniel 7:13 afirmam que o Messias, exaltado diante de Deus, chamado "Filho do Homem" (em hebraico בן אדם "ben Adam" "filho de adão", "ser humano") que "viria nas nuvens"; e que segundo o Antigo Testamento (ou Tanach) viria como "homem humilde sentado num jumentinho", isso segundo o livro do profeta Zacarias 9:9 indicando assim uma alusão à duas vindas de um mesmo Messias, ambas profecias confirmariam enfaticamente Yeshua como o Messias. Mas é justamente esta profecia messiânica de Zacarias que conflita com a interpretação judaica de um Messias rei, guerreiro e imortal no fim do mundo - como sugere a interpretação judaica talmúdica - motivo pelo qual muitos judeus são proibidos de estudar essa profecia.

  1. Scherman, Rb. (Ed.), 2001, p.1803
  2. The revision of Ancient history: a perspective, in:. [S.l.: s.n.] pp. http://www.sis–group.org.uk/ancient.htm  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  3. https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/por-que-o-ano-de-457-a-c-e-o-inicio-da-contagem-dos-490-anos-de-daniel-924-27/

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